segunda-feira, 22 de março de 2010

EXERCÍCIOS E LESÕES: O QUE ESTÁ ERRADO

Porque as pessoas se machucam durante a prática de exercícios? Não deveria ser exatamente o contrário? Segundo ortopedistas é grande o número de freqüentadores de academia e praticantes de diversas técnicas corporais que surgem lesionados nos consultórios. Sabe-se que a partir dos 50 anos, mais de 50% da população tem algum tipo de artrose. É cada vez mais precoce o aparecimento de lesões degenerativas (em meniscos, artroses na coluna, joelhos e quadris) em indivíduos que praticam atividades físicas. A avaliação fisioterapêutica, além de detectar as alterações posturais características de cada pessoa, deve fornecer subsídios importantes ao instrutor, para que este não agrave ou perpetue um quadro que possa levar a uma lesão séria, algum tempo depois.

Os exercícios devem ser ensinados de maneira a não exigirem demasiadamente de regiões que, em função da postura particular de cada um, já são muito solicitadas no dia a dia.

Se você treina e sente dor, alguma coisa está errada. A dor intermitente (que vai e volta) pode ser um sinal de que uma lesão está se formando vagarosamente, mas de maneira irreversível. Uma avaliação postural deve ser capaz de diagnosticar aspectos de risco para o sistema ósseo, muscular e articular. Pense nisso. Ou você acredita que uma hérnia apareceu ali, na sua coluna, da noite para o dia? Todos os movimentos que o corpo executa envolvem ossos, articulações e músculos, e também relações de alinhamento entre os ossos e de sincronia entre os músculos e o cérebro. Quando não existe essa sincronia, ou seja, quando o movimento é mal coordenado, e quando não se observa a organização do corpo - a postura, o alinhamento correto entre os segmentos - o exercício pode produzir danos nas articulações e nos ossos. Um “simples” alongamento, sem um bom alinhamento entre os ossos, além de não surtir o efeito desejado, pode machucar alguma outra região do corpo, como o pescoço ou a coluna lombar.

A corrida, tão preconizada e difundida, é outro exemplo. Ao andar ou correr você está, repetidamente, aumentando a carga sobre seus ossos, músculos e articulações. São práticas que exigem organização e alinhamento. Do contrário, mais cedo ou mais tarde surgirão as “ites” (tedinite, bursite, fasceíte plantar e outras inflamações).

É a forma de praticar a atividade que determina a sua função; se essa forma não for modificada por meio do movimento organizado, a lesão aparecerá.

Um corpo organizado pode não apenas retardar como evitar o surgimento de lesões, crônicas ou não. E há técnicas para garantir uma “boa” postura na hora de executar gestos repetidos.

Estúdio Santa Clara: Pça Natividade Simões de França, n.50. Bairro de Interlagos. Tel 95252799 - 28340120 - 56657032.

A QUALIDADE DOS MOVIMENTOS E A SAÚDE DO CORPO

Quais os movimentos que mais fazemos no dia a dia? Caminhar, sentar, levantar e pegar coisas. É isto? Estes movimentos diários funcionam também como um detector do nosso corpo: a qualidade deles reflete se estamos aplicando a força corretamente, ou se gastamos energia desnecessária. Demonstram a fluidez do gesto, ou para ser mais exata, sua coordenação, que pode revelar-se mais comprometida, seja pela sensação de peso, de tensão ou, é claro, de dor.

A dificuldade de sentar, de andar e de correr, mantendo a percepção de volume corporal, de espaço interno, da inter-relação entre músculos, ossos, articulações, com pouca liberdade ao respirar, são indícios de que o corpo não está fazendo seu papel como deveria. O andar pode, por exemplo, simplesmente arrastar o corpo, não reagindo com força necessária à gravidade. É assim que o aparelho locomotor se danifica, diminui seus espaços e suas possibilidades, pois ele é vivo e necessita de reação, expressão e força para sua manutenção.

Mas como reconstruir esse corpo? Primeiro devemos percebê-lo desde o arco do pé até a cabeça e as mãos, para depois organizá-lo. Vejamos alguns exemplos: quando o pé é desabado, caído para dentro, ele pode levar consigo um joelho em direção ao outro. Estes, por sua vez, podem rodar as coxas para dentro. Os pés não estão apoiando corretamente o corpo, pois não conseguem empurrar o chão, estão achatados e não conseguirão dar impulsão necessária para o deslocamento do corpo no espaço. Nestas situações caminhar pode gerar dor, cansaço; andar ou ficar parado se tornam atitudes em que a força não é transmitida adequadamente pelos músculos, pois os ossos não estão bem acoplados entre si e as articulações estão sofrendo forças degenerativas.

Repare como você caminha. Repare como fica parado de pé. Provavelmente você escolhe a mesma perna para se apoiar, enquanto a outra recebe pouca carga. A perna que está recebendo toda a carga repetidamente pode até ter o músculo mais desenvolvido, porém a bacia, que é o centro do corpo, também vai descarregar seu peso sobre essa perna e o corpo terá que buscar posições para se manter em equilíbrio. A coluna, sabiamente irá se contorcer, pois num primeiro momento ela tentará se manter sem dor, para mais tarde, quando isso não for mais possível, se enrijecer e travar, como proteção.

Precisamos passar por isso? Não, não mesmo. É possível descobrir como organizar nosso corpo conhecendo o trabalho de profissionais qualificados, que entendem que a forma do corpo e do movimento dão qualidade à função executada. Este trabalho contribuirá para que o corpo reconheça suas tensões internas, relaxe-as, gere espaço articular correto, e se reprograme com força adequada e constante.

Assim ele terá uma longevidade saudável, distante do círculo vicioso da doença e da dor.