domingo, 31 de janeiro de 2010

O que é postura?



O conceito de postura é freqüentemente debatido por médicos, fisioterapeutas, educadores físicos e profissionais de diversas áreas da saúde. Questões como o que é postura? como obter uma boa postura? como mantê-la? tentam ser bem elucidadas para afirmar a eficiência das terapêuticas corporais vigentes.

As primeiras questões sobre postura remontam a época de Cícero (143-103 a.C.) e Santo Ambrósio (340 - 397 d.C.) que associavam o termo gestus à modestia – como o ideal da medida e o justo meio. Os parâmetros definidores dos gestos bom e mau eram a razão humana e a vontade de Deus, pois “os gestos eram considerados a expressão física e exterior da alma interior” (Schmitt, 1995, p. 142). O corpo era visto como a manifestação da alma e os cuidados com ele estavam relacionados com o controle dos hábitos. "Não negligencies a saúde do corpo. Controla a comida e a bebida, e todo o exercício do corpo. Por controlo, entendo evitar aquilo que mais tarde te trará dor. Segue modos limpos de vida, mas não os luxuriosos. Evita comidas proibidas; reflecte no que isto contribui para a pureza e redenção da tua alma", Phytagoras.
Com o decorrer da história, a ciência redirecionou o conhecimento à comprovação da descoberta. O homem passava a explicar a si mesmo. Era preciso comprovar à luz da verdade as leis que regiam a natureza. Dentre as ciências, a física e a mecânica deram caminho para o estudo do movimento e da estática, de onde veio a surgir bem mais tarde, nos séculos XIX e XX, a biomecânica e a fisioterapia apoiadas nos conceitos da mecânica newtoniana.
O modelo de postura do corpo que veio a servir de base para as pesquisas científicas ressaltava a retitude e sobriedade, surgindo com os militares na segunda metade do século XVIII. Camponeses europeus que eram recrutados para o exército tinham uma atitude mais franzina, era necessário disciplina perante o comando. Olhar firme, peito robusto, dorso ereto, ventre apontado para frente (Foucault ,1987). A prática de exercícios físicos para modelar e corrigir a postura se manteve até o sec XX, época em que algumas ciências redimensionaram a questão do corpo, situando-o não como uma máquina a trabalho da mente, mas como uma representação simbólica do homem. O conceito de retitude não tendo mais onde se apoiar caiu por terra; veio o feminismo, a revolução sexual, os hippies, e o corpo passou a ser experimentado de forma prazerosa e expressiva, dando vazão à várias técnicas corporais alternativas.
As pesquisas sobre postura foram buscar na anatomia e na fisiologia fatores biológicos determinantes que se referissem à expressão mecânica do corpo, e no estudo da expressão somática da personalidade, fatores de ordem psicofísica e socioambientais.
"A ênfase na discussão do alinhamento postural justifica-se pelo conceito de que o estresse mecânico tem repercussões clinicas, gera conseqüências no tecido conjuntivo, nos músculos e nas articulações. O mau alinhamento corporal pode alterar a distribuição de carga, a distribuição de pressão nas superfícies articulares, contribuindo assim para a degeneração articular e tensões musculares inadequadas." (Harrison, 1996, Riegger Krugh e Keysor, 1996, Freres e Mailort, 1997).
Quando o corpo funciona através de um esquema fisiologico, ele está numa condição de conforto, entretanto, por razões diversas, criamos esquemas adaptativos de organização para conservar o equilibrio com ausência de dor. O corpo se deforma, diminui sua mobilidade na medida dessas adaptações defensivas, menos econômicas, para reencontrar o conforto. Passa a gastar mais energia, produzindo uma fadiga importante; se as compensações não forem mais suficientes, o indivíduo nao consegue assumir o ortostatismo e fica acamado (Busquet, 2000).
F. Kendall, fisioterapeuta sueca que faleceu no começo deste século, uma das maiores referências no assunto, relata que quando em boa postura “a coluna apresenta as curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em alinhamento ideal para sustentação de peso. A posição ‘neutra’ da pélvis conduz ao bom alinhamento do abdômen, do tronco e dos membros inferiores. O tórax e coluna superior ficam em uma posição que favorece a função ideal dos órgãos respiratórios. A cabeça fica ereta em uma posição bem equilibrada que minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical.” (Kendall, McCreary & Provance, 1995, p.71).
O estudo do equilíbrio corporal e da postura corporal contém aspectos que estão englobados no sistema de controle postural, um envolvendo a orientação postural, ou seja, a manutenção da posição dos segmentos corporais em relação aos próprios segmentos e ao meio ambiente, e o outro, o equilíbrio postural, representado por relações entre as forças que agem sobre o corpo na busca de um equilíbrio corporal durante as ações motoras (Horak e Macpherson, 1996). A orientação postural e o equilíbrio postural são constituídos por fenômenos distintos que, no entanto, apresentam relações dependentes (BARCELLOS e IMBIRIBA, 2002).
Gardiner (1986) enfatiza que a manutenção da postura corporal ocorre através de músculos antigravitacionais que possuem características que permitem adaptações com pouco esforço. As fibras musculares destes músculos são vermelhas de contração prolongadas sem fadiga e multipenadas em forma de leque, e que estas características proporcionam uma configuração poderosa com pouca amplitude de movimento.
O homem foi construído sobre um desequilibrio anterior, a linha da gravidade cai a frente dos maléolos, o peso da cabeça está em desequilíbrio à frente, em relação à essa linha (dois terços a frente para um terço atrás); o resultado desse desequilibrio anterior alto e baixo é a colocação em tensão das fáscias posteriores, preferencialmente ligamento cervical posterior mais aponeurose dorsal mais aponeurose lombar. Esses elementos conjuntivos formam a cadeia estática posterior. Esta cadeia tem a particularidade de não ser muscular. É necessário não confundí-la com a cadeia de extensão. Esta última é muscular, formada pelos musculos paravertebrais dos planos profundos e médios; que a cadeia estática posterior tem a qualidade de economia e, sobretudo, de proprioceptividade para gerenciar o reequilíbrio através das informações que ela envia aos paravertebrais. É normal que os fatores estáticos estejam preferencialmente atrás, para estarem opostos. As fáscias, sob diferentes formas, estão presentes em todo o corpo e compartimentos. Elas têm uma função pouco colocada em evidência: a de formar um envelope periférico do corpo, como o invólucro de um boneco inflável, que se mantém pela pressão intratorácica, pela pressão intra-abdominal e por todas as pressões internas (Busquet, 2000, p.51).
“Posição econômica que é a mesma para o tronco, esteja o individuo sentado ou em pé. Sobretudo posição que leva a uma constatação capital: o corpo ereto em determinadas condições, jogando com a gravidade, fica em pé devido ao seu tônus, devido às contrações correspondentes às oscilações dinâmicas do ser vivo. Não é preciso usar grande força muscular para ficar em pé, estável, mas um equilíbrio adequado.” (Piret e M.M.Béziers, 1992, p.11).
“No sistema nervoso central (encéfalo), existem centros de equilíbrio que recebem informações de diversos receptores, como o sistema labiríntico, que registra as diferenças de pressão dentro do ouvido interno, e o sistema oculocefalógiro, cuja função é manter os dois olhos na mesma horizontal e em coordenação com os movimentos da cabeça. Há igualmente receptores podais sensíveis à pressão experimentada pelas diferentes partes dos pés e que provocam uma reação postural global. Receptores situados nas capsulas articulares e ligamentos periarticulares informam aos centros de equilíbrio sobre a posição das diferentes articulações do corpo, permitindo igualmente um reajustamento permanente da postura. Enfim, também existe no músculo receptores sensíveis que informam à medula sobre o alongamento sofrido pelo músculo fazendo-o ajustar sua contração às mudanças de situação. A cada instante a ação da gravidade é enfrentada por finos reajustes, cujos instrumentos são os músculos; é importante observar que o equilíbrio não é tão estático quanto parece, já que resulta de continuas recuperações de pequenos desequilíbrios. ...não é especificamente essa noção de regulação do equilíbrio que vai nos interessar, mas sobretudo a influência das pulsões piscocomportamentais na postura. Vimos que essa pulsões desequilibram o corpo em diferentes direções que são próprias a cada uma delas. A regulação do equilíbrio deve então se compor com o desequilíbrio induzido pela pulsão psicocomportamental, alem de compor-se com os efeitos da gravidade.” (Campignion, 2003, p.72,73).
A postura é a conformação mecânica de um corpo perante as forças a qual é submetido. Ela corresponde a imagem corporal constituida, que está diretamente relacionada a descoberta do ser enquanto individuo e em relação com o meio, às experiencias vivenciadas e a carga genética adquirida.
Uma boa postura pode ser entendida como um corpo em equilibrio geral, com economia de gasto energético, e sem dor.


6 comentários:

  1. oi isso foi maguinufico um resumo do que e postura

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  2. é mto comprido, pra quem quer fazer um trabalho, resume mto +!!!

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  3. nossa é muito grande vou demorar um mês resumindo

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  4. nossa que grande vou te resumi um pedaso do que vc escreveu.

    Amanda

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  5. é mto comprido ,pra quem quer fazer um trabalho de dois dias..

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